segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Dica de leitura: O despertar da Senhorita Prim

O despertar da Senhorita Prim. Autora: Natalia Sanmartin, Editora Quadrante. 2016.

A leitura desse livro foi um presente para mim. Após ler vários livros de estudo, um atrás do outro, eu queria me divertir um pouco, uma leitura leve, mas que me acrescentasse alguma coisa.

O livro se passa em uma pequena vila chamada Santo Ireneu de Arnois.
"(...) Santo Ireneu de Arnois era, na verdade, uma próspera colônia de exilados do mundo moderno à procura de uma vida simples e rural."
 As crianças são o coração da vila, todos trabalham, cuidam, educam e colaboram da melhor forma para que as crianças recebam uma educação de excelente qualidade. E quando eu falo excelente qualidade, me refiro a mais fina, primorosa e culta educação. 
A protagonista da história é Prudência Prim, que vai até a vila devido a um anúncio de emprego como bibliotecária que viu publicado no jornal. Ela não imaginava que a biblioteca era particular, em uma residência. A Senhorita Prim é selecionada para o emprego, mas fica espantada pela quantidade de crianças que há na casa e, ainda mais, por elas não frequentarem a escola.
"Naquela comunidade eram as famílias, cada uma de acordo com seu perfil, com sua ambição e com suas possibilidades, as responsáveis pela formação intelectual dos seus filhos."
Quando tenta entender o que se passa naquela casa, que agora, além de ser o seu emprego é também sua residência, fica espantada com a cultura adquirida pelas crianças. Com certeza não são crianças "normais". Elas sabem latim, grego, leem autores como Virgílio, Jane Austen, conhecem e descrevem com facilidade obras de arte. Eis aí o primor da história. Enquanto fui lendo fui fazendo pesquisa sobre os autores, poemas e obras de arte descritos no livro. Para uma leiga, como eu, é possível aprender muito sobre cultura clássica, obras de arte... estou encantada!

Outra parte que me diverti(e encantei-me) no livro, é a "Liga Feminista de Santo Ireneu". Que é bem diferente das ligas feministas que estamos acostumadas a ver nos dias de hoje. Na liga de Santo Ireneu, as mulheres se reúnem para ajudar umas as outras. Segue um trecho do discurso feito em uma das reuniões:
"Nossa amiga Amélia - dizia naquele momento Hortência Oeillet - é forçada a cumprir um horário inaceitável para os princípios que defendemos em Santo Ireneu. (...) Como sabem, a garota vai celebrar seu casamento em abril do próximo ano, e é provável que não demore muito para que se torne mãe. Assim, é urgente fazer todo o possível para resolver essa situação. (...)"
Então continuou a vice presidente: 
"Minhas queridas amigas, acredito que nossa presidente explicou claramente a situação trabalhista da Amélia. Algumas de vocês sabem que sou muitas vezes sua confidente e conheço de perto as dificuldades que enfrenta na casa do juiz, embora saiba também que ela sente muita estima por ele. Não só lhe ficou impossível preparar qualquer tipo de evento porque está sujeito a esse horário, mas também há muito tempo sem poder dedicar horas ao estudo e à literatura, que, como sabem, são dois pilares de nossa pequena comunidade. (...) Quando Amélia chegou aqui, com certeza muitas se lembram, era uma jovenzinha com alta opinião de si mesma e de seu amor pela literatura. Tudo isso mudou quando alguns meses depois de chegar a esta vila, descobriu que o que o mundo chamava literatura, Santo Ireneu o chamava de perda de tempo. Ainda me lembro da manhã em que veio ao meu escritório com os olhos brilhantes de emoção e uma velha antologia de poemas de John Donne nas mãos. Foi aqui que ela descobriu que a inteligência, esse dom maravilhoso, cresce no silêncio, e não no barulho. Foi aqui também que a mente humana, verdadeiramente humana, se alimenta de tempo, de trabalho e de disciplina. (...) A proposta que a direção apresenta à Liga Feminista é a seguinte. Como sabem, Amélia tem um gosto extraordinário. Se recebe um velho retalho, uma chaleira, meia dúzia de rosas e um espelho descascado, faz deles uma obra de artes. Por isso pensamos que esta associação poderia fazer uma coleta para ajudá-la a abrir um pequeno negócio de decoração, e assim se libertará das limitações do assalariado"

As mulheres de Santo Ireneu se unem e fazem tudo o que podem para ajudar umas as outras, e os estabelecimentos comerciais só abrem se forem com um serviço realmente útil para a comunidade, onde todos possam se beneficiar, pois eles consomem e vivem praticamente(e somente) com o que se produz e vende na própria vila. Santo Ireneu se tornou o meu sonho de vida, confesso.

_______________

Esse livro pode parecer "fácil demais" para quem está acostumado a grandes e densas obras(que não é o meu caso), mas deixo aqui a dica de leitura para quem quer se permitir sonhar um pouco, desfrutar de uma leitura agradável, com cultura e delicadeza.

*****

{Se você gostou dessa publicação e gostaria de adquirir o livro citado, compartilho abaixo o link da Amazon. O Mãe Protagonista é parceiro da Amazon, o que significa que ganho uma pequena comissão da empresa caso algum leitor compre livros pelos links publicados no blog. Comprando através do link abaixo, você ajuda a mamãe aqui a investir em mais livros e conteúdos legais para compartilhar, e sem pagar nada a mais por isso.}

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Grata pelo seu comentário! :-)